Telefone

                       

Ah o telefone, o maldito e santo telefone.
Me pergunto porque? porque ele não toca ? porque ELE não liga ?...
Me pego horas a fio olhando para o telefone, como se fosse um ritual pessoal que me trouxesse um pouco de paz, como se simplesmente olhar para esta peça da atual modernidade me deixasse um pouco mais tranquila por alguns segundos, e logo em seguida me trouxesse toda aquela sensação de desanimo e profunda dúvida. SERÁ QUE ALGO ACONTECEU??? -claro que NÃO.
Homem quando quer, liga, não tem balada boa, velório da tia, futebol com os amigos que o faça não ligar.
Porque é simples de entender e difícil de aceitar?
E eu me acho tão interessante, porque alguém acharia o contrário?
será que falei alguma besteira? 
minha mente se preenche de dúvidas, e afirmações inconstantes, que me fazem sentir rejeitada em determinados momentos que são brevemente interrompidos por auto-afirmações. Mas minhas auto-afirmações não me bastam neste momento. 
São varios toques que me animam até o momento do alô.


- Alô senhora, aqui quem fala é a fernanda, gostaria de "estar lhe passando" algumas informações sobre a filantropia em que trabalho, a senhora já conhece a filantropia??


Além da ligação inesperada, o gerundismo da Fernanda me irrita profundamente, como se ela tivesse falado desta forma, somente para me irritar. Acabo tratando mal a operadora de telemarketing, que afinal só estava fazendo equivocadamente seu trabalho.


Passaram duas horas e nada. ele disse que me ligaria as 16:00, e agora ja são 18:00. 
Se ele está achando que vai me ligar no fim da noite me convidando para sair ele esta enganado. Afinal tenho minha vida, minhas obrigações, e meus próprios meios de auto-satisfação, o fds é convidativo, e jamais darei o privilégio de alguém achar que meu dia está reservado somente a ele, que necessáriamente não seja "o alguém" de minha vida (pelo menos é o que eu quero que ele pense).
Decidido, não sairei com ele. Mas será que ele quer sair comigo?
Lógico que ele iria querer. olha pra mim.
Neste momento tenho minhas certezas mais incertas.


Levanto do sofá, e escolho uma roupa, ligo para uma amiga e marco de encontra-lá na paulista as 22:00.
Desligo o meu celular as 21:00, como se estivesse fugindo de alguém.


Na verdade só estava fugindo da certeza de que ele não me ligaria. 




By Dianna